Uma análise profunda e imparcial sobre a origem da disputa territorial mais polêmica do mundo
A questão sobre quem tem o direito legítimo à terra onde se localizam Israel e Palestina é um dos temas mais delicados da história moderna. Trata-se de uma disputa territorial enraizada em séculos de história, marcada por guerras, promessas não cumpridas, imigração em massa e profundas feridas emocionais. A controvérsia atrai atenção global não apenas por seu impacto geopolítico, mas também por envolver valores religiosos, culturais e identitários de milhões de pessoas.
Embora o debate pareça simples à primeira vista — quem chegou primeiro? quem tem mais direito? —, a realidade é extremamente complexa. A resposta depende de qual lente histórica, jurídica ou moral é utilizada. Para compreender melhor essa disputa, é essencial percorrer o caminho da história antiga até os dias atuais, analisando os principais argumentos de ambos os lados e como o mundo enxerga essa divisão.
Entender o passado é fundamental para qualquer tentativa de solução no futuro.
As origens históricas da terra disputada
A região que compreende Israel, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia tem sido palco de civilizações desde os primórdios da história registrada. Povos cananeus, filisteus, israelitas, romanos, árabes e otomanos dominaram essas terras ao longo de milênios. A partir de cerca de 1200 a.C., os hebreus — antepassados dos judeus modernos — se estabeleceram na região, formando os reinos de Israel e Judá. Esses reinos foram conquistados, destruídos e reconstruídos por diversos impérios.
Com a destruição do Templo de Jerusalém pelos romanos no ano 70 d.C., grande parte dos judeus foi dispersa pelo mundo. Em 135 d.C., o imperador romano Adriano mudou o nome da Judeia para Palestina, em uma tentativa de apagar a ligação dos judeus com a terra. A partir de então, a presença judaica diminuiu, embora nunca tenha desaparecido totalmente, enquanto populações árabes passaram a se consolidar como maioria local.
A era do domínio árabe e otomano
Com a expansão do Islã no século VII, a região passou a fazer parte do mundo árabe e islâmico. Jerusalém ganhou importância como a terceira cidade mais sagrada do Islã, ao lado de Meca e Medina. Por mais de 1.200 anos, exceto pelo breve período das Cruzadas, a região esteve sob controle de poderes muçulmanos. Durante o domínio otomano, de 1517 a 1917, judeus, cristãos e muçulmanos viviam na Palestina em relativa coexistência, embora o domínio político fosse centralizado em Constantinopla.
Essa longa permanência dos árabes muçulmanos na região fortalece o argumento palestino de que eles são os herdeiros naturais da terra. No entanto, os judeus sempre mantiveram comunidades em cidades sagradas como Jerusalém e Hebron, mantendo uma conexão espiritual e física com o território.
O surgimento do sionismo e o Mandato Britânico
No final do século XIX, nasceu na Europa o movimento sionista, liderado por judeus que buscavam um lar nacional seguro diante da perseguição crescente no continente europeu. A Palestina foi escolhida como destino, devido à sua importância histórica e religiosa para os judeus.
Com o colapso do Império Otomano após a Primeira Guerra Mundial, o território passou ao controle britânico, sob o chamado Mandato da Palestina. Durante esse período, houve intensa imigração judaica incentivada pelo sionismo e pela Declaração Balfour, de 1917, que apoiava a criação de um lar nacional judeu. Isso gerou tensões com a população árabe local, que se via ameaçada em sua terra natal. A rivalidade logo se transformou em violentos confrontos.
A Partilha da ONU e a criação do Estado de Israel
Em 1947, a ONU propôs a partilha do território em dois Estados: um judeu e outro árabe, com Jerusalém sob administração internacional. Os judeus aceitaram a proposta, enquanto os árabes a rejeitaram, considerando-a injusta. Quando Israel foi proclamado em 1948, os países árabes vizinhos invadiram, resultando na primeira guerra árabe-israelense. Israel venceu e expandiu seu território além do previsto pela ONU.
Mais de 700 mil palestinos foram deslocados ou expulsos, no que ficou conhecido como Nakba — a catástrofe palestina. Para os israelenses, tratava-se da independência e do retorno a uma terra ancestral. Para os palestinos, era o início da perda de sua terra e identidade nacional.
A ocupação e os conflitos permanentes
Após novas guerras, especialmente a de 1967, Israel passou a ocupar a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Apesar de ter se retirado de Gaza em 2005, Israel ainda controla seus acessos e impõe um bloqueio severo, dificultando a vida da população local. Na Cisjordânia, a expansão de assentamentos israelenses é constante, considerada ilegal pela comunidade internacional.
Enquanto isso, os palestinos buscam um Estado independente com base nas fronteiras pré-1967, incluindo Jerusalém Oriental como capital. Israel, por sua vez, reivindica Jerusalém como sua capital indivisível e continua controlando militarmente a Cisjordânia. Esse impasse político e territorial é um dos principais entraves para a paz.
O que diz o Direito Internacional?
Do ponto de vista jurídico internacional, as resoluções da ONU reconhecem o direito de autodeterminação dos palestinos e consideram a ocupação dos territórios conquistados em 1967 como ilegal. A maioria dos países reconhece Israel dentro das fronteiras estabelecidas em 1948, mas não reconhece sua soberania sobre a Cisjordânia e Jerusalém Oriental.
Por outro lado, Israel argumenta que a terra foi conquistada em legítima defesa e que não existe um Estado palestino soberano anterior à criação de Israel. Essa divergência jurídica reflete as contradições profundas da disputa.
Narrativas conflitantes e identidades em choque
Enquanto os israelenses veem seu retorno à terra como um direito histórico, moral e de sobrevivência após o Holocausto, os palestinos enxergam o processo como uma colonização moderna imposta com o apoio do Ocidente. Para uns, é uma libertação nacional; para outros, uma ocupação imposta à força.
Ambos os povos carregam traumas, perdas e uma identidade profundamente vinculada ao mesmo território. A dificuldade em reconhecer a legitimidade do outro tem sido o maior obstáculo para qualquer avanço real rumo à convivência.
Conclusão
A pergunta “Afinal, a terra é de Israel ou dos palestinos?” não possui uma resposta simples, porque ela envolve múltiplas camadas históricas, religiosas, jurídicas e emocionais. A verdade é que ambos os povos têm vínculos legítimos com a terra e ambos sofreram perdas profundas em nome de sua soberania e sobrevivência. A chave para o futuro não está em negar a história de um em favor do outro, mas em reconhecer que apenas com concessões mútuas, diálogo e respeito às diferenças será possível construir uma convivência pacífica e justa.
A criação de dois Estados viáveis, lado a lado, é ainda a proposta mais defendida internacionalmente, mas continua distante da realidade atual. Enquanto isso, a disputa continua, alimentada por medo, desconfiança e narrativas opostas que precisam urgentemente encontrar um ponto de reconciliação.
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